sábado, 11 de junho de 2011

30 anos de Mídia Tática

30 anos de Mídia Tática
Por Felix Stalder

Mídia tática como uma prática tem uma história longa, e parece seguro predizer, um futuro ainda maior. Ainda assim, sua existência como um conceito particular ao redor de um movimento social, ou mais precisamente, de uma rede auto-consciente de pessoas e projetos que ali se coalesceria, teve uma vida relativamente curta, muito confinada à primeira época da internet como um meio de massa (1995-2005). Durante aquele tempo Geert Lovink and David Garcia, dois ativistas/teóricos de mídia holandeses, do coração dessa rede, definiam Mídia Tática como:

"o que acontece quando a mídia "faça-você-mesmo", tornada acessível pela revolução do consumo de eletrônica e expandidas formas de distribuição (de acesso a cabos públicos e a internet) são exploradas por grupos e individuos que se sentem atingidos ou excluidos de uma cultura mais ampla. Mídia tática não somente para reportar eventos, já que nunca são imparciais, sempre participoam e é isso mais do que qualquer outra coisa que os separa da mídia comercial".2


Assim como tantas outras coisas que são agora comuns em nossas vidas informacionais, a raiz da mídia tática está nas inovações culturais dos movimentos sociais radicais que se espalhou no fim dos anos 1960s. Não somente começaram a explorar as mudanças tecnológicas para a auto-produção de mídia, mas criaram idéias completamente novas sobre o que poderia ser a mídia: not apenas condutores de propadagnda de estado mais ou menos sofisticada (como na famosa análise de Althusser "aparatos ideológicos de estado"3), ou uma fonte de informação "objetiva" provida por uma elite professional (liberal). Ao contrário, eles re-conceitualizaram a mídia como uma expressão subjetiva, por e para pessoas que não estão representadas no mainstream.

Em vista das significantes barreiras tecnológicas à produção e difusão de mídia autônoma que existia já nos anos 1990s, a primeira onda de mídia "faça-você-mesm@" pensou sobre si como "mídia comunitária" representando minoriais locais, sociais, cultural ou étnicas. Nos EUA, a mídia comunitária era centrada na televissão e rádio aberta (public access). Estas foram possíveis por fortuitas legislações que requeriam de empresas de mídia a prover um canal para programação local não-comercial. Isso crioi uma base tecnológica e financeira para ativistas comunitários gerenciar canais de TV (de baixo custo). por todo o país, estações de TV locais surgiram, provendo grupos comunitários plataformas nas quais produziam programas por e para el2s mesm@s. Durante os anos de 1970, a tecnologia de vídeo desenvolvia há uma velicodade muito rápida, reduzingo a maior parte do trabalho e dos custos do equipamento enquanto melhorava a qualidade das gravações e as formas de pós-produção. Nos anos 1980s, teve como ápice a "revolução da câmera", que se referia as gravadoras de vídeo portáteis que se tornaram disponíveis em muitos lugares. Elas paraciam oferecer as possibilidades de se engajar em "contra-vigilância", ex: a habilidade de documentar abusos de poder. Assim como o caso de Rodney King mostrava no começo das anos 1990 em Los Angeles, as consequências de tal "contra-vigilância" poderiam ser dramáticas.



4 Nauela mesma época, novas transmissões de satélite fizeram possíveis começar uma distribuição de conteúdo nacional, não somente local. Esse desenvolvimento foi levado adiante por Deep DishTV, fundada em 1986. Seu objetivo era "fazer o que a mídia de massa não pode fazer por você: identificar e ampliar, sem alteração ou limitação, as vozes das culturas sem sede que lutavam por tempo igualitário."


5 Na Holanda, Tv de cabo publica possibilitou uma movimentada cena de rádios e tvs piratas que desenvolveu-se paralelamente com os primeiros projetos de acesso á intrenet como a Cidade Digital de Amsterdam, criando uma rica cultura local de mídia experimental e política.


6 No resto da europa, parte por seu diferente ambiente regulatório, a Tv de acesso público teve um papel menor, enquanto rádio comunitária - no caso da Grã-Bretanha, rádio purata - florescia desde os anos 1970s. Hoje, o modelo de acesso público ainda é relevante e sempre expandindo. Em Vienna, por exemplo, um novo canal de acesso público (Okto TV) abriu em 2005. Ainda assim, o ambiente da TV mudou significamente nos últimos 30 anos, e a TV de aceso público corre o perigo de se tornar apenas mais um canal-estreito no meio de um número infinito de canais.

Na metade dos anos 1990, os custos da produção de mídia diminuiu ainda mais, e a internet começava a oferecer uma promessa crível de uma plataforma alernativa de distribuição. Tornou possível evitar algumas limitações da mídia de massa, incluindo sua firme-limítrofe separação entre emissor e receptor, que até a mídia comunitária não conseguiiu suiperar (mesmo que a tornassem mais fáceis para membros rornarem-se produtores). Uma nova geração de ativistas de mídia começou a expérimentar com novas possibilidades de redes de comunicação abertas, que foram, e ainda em grande parte são, ainda uma promessa a ser realizada, mais do que uma infraestrutura disponível pronta.

El@s radicalizaram as idéias de mídia comunitária, convocando tod@s a produzir sua própia mídia em aopio às suas lutas políticas. Esse novo ativismo de mídia foi motivado por 3 diferentes insights. Priemiro, teóricos culturais chamavam para uma reavaliação de como indivíduos lidavam com produtos de mídia. Mais do que ver indivíduos simplesmente como consumidores passivos, eles foram entendidos como engajados em uma apropriação tática da mídia.7 Novas mídias poderiam transfomar essa prática de um nível individual a um nível social. Por isso o termo "mídia tática". Segundo, foi entendido muito claramente que toda política é, até um certo nível, política mediada e que a antiga distinção entre a "rua" (realidade) e a "mídia" (representação) não podia mais ser sustentada. Ao contrário, a mídia permeava toda a sociedade, e para contestar a dominação, foi necessário o desenvolvimento de novas formas de produção e distribuição. Não como uma tarefa separada dos movimentos sociais, mas como uma ativiadde chave por onde os moviemntos socias podiam coalescer-se. Finalmente, o ambiente midiático caracterizado pela lógica geográfica da transmissão em massa foi suplantada por um ambiente definido por muitas-a-muitas lógicas de acesso.

Neste ambiente, trabalhar em rede ocorria naturalmente, e alguns dos eventos-chave que estavam nessa rede foram largos protestos sociais que monitoravam os encontros políticos internacionais do WTO (Organização Mundial do Comércio - OMC), G8 e similares organizações de "livre comércio" ap final dos anos 1990s e começo dos anos 2000. Isso inspirou a criação de uma rede internacional de projetos de mídia locais sob o nome de Indymedia (Mídia Independente), que, pelo menos inicialmente, entendia-se como uma marma midiática do movimento anti-globalização.  No entanto, enquanto Indymedia correntemente enlista perto de 200 nodos locais, regonais e nacionais, nunca realmente comparou-se ao pleno fôlego do movimento, e provavelmente nunca teve essa intenção. Ao contrário, Indymedia parece florescer onde os nodos estão fortemente envolvidos em comunidades locais, privilegiando as lutais locais concretas no lugar de políticas abstratas e globais.

Mesmo angtes ed Indymedia tornar-se a primeira plataforma midiática verdadeiramente global, uma série de conferências ocorreram em Amsterdão (1995-2003) chamadas "The Next Five Minutes" (N5M - Os próximos cinco munutos).8 Elas convergiam os precurssores ativistas da internet e os conecatva com a geração anterior de produtores de tv de acesso público assim como produtores de filmes independentes, re-conceitualizando todo o movimento como Mídia Tática. Esses projetos de novas mídias foram entendidos como táticos porque não eram direcionadis a estabelecer estruturas de longo-termo, mas sim rápidas intervenções que podiam ser realizadas com alta destreza e pequenos apoios. Era a prática no lugar da teoria,parcialemnte como uma tentativa de deixar de lado os extenuantes debates sobre identidade e representação que esbravejava há mais de uma década.9

Uma abordagem em pouco espaço de tempo caía bem para experimentalmente explorar um ambiente de uma nova mídia que estava raidamente emergindo. A tecnologia estava sendo desenvolvida numa velocidade extremamente rápida durante a fase de hiper-crescimento da internet, e uma sociedade civil global apenas começava a ser forjada. Dessa forma, mjuitos dos projetos de Mídia Tática eram ainda mais marginais do que a mídia comunitária da geração anterior, e mesmo assim tinham um papel importante no estabelecimento de práticas de ativistas de mídia adaptadas às novas condfições das redes abertas. Por um pequeno númerode anos, e basicamente pela intensiva rede de conferncias como N5M, a Mídia Tática floresceu como uma prátuca distinta e auto-ciente de ativistas de mídia interessados na inovação tecnológica e política.

No entanto, a partir do momento que as tecnologias da internet amadureceram, algumas contradições inerentes do conceito de Mídia Tática tornaram-se aparentes.Por exemplo, prover infraestrutura para projetos é uma medida de longo-termo, mais do que uma medida tática e pode facilmente overburdens e afrouxar redes. Indymedia tem sido a exceção à essa regra, e basicamente porque aproximou-se da mídia comunitária, feita por e para uma relativamente distinta classe do movimento mais largo de anti-globalização.

Organizações financiadas pelo governo ativas nessa área, assim como De Waag em Amstrerdão, ou perderam o interesse ou, como no caso da Public Netbase na Áustria, tiveram seu financiamento cortado, deixando o campo aberto para organizações menores e mais especializadas. O que foi mais importante, no entanto, foram as contradições conceituais entre a integração da produção midiática em todas as formas de movimentos políticos de base como parte de seu Kit-Ferramenta, e construindo uma identidade partyicular ao redor dessa prática cada vez mais comum. O movimento como um todocomeçou a dissolver à medida que mais pessoas faziam mídia tática sem pensar sobre Mídia Tática. De uma forma, Mída Tática foi tão bem-sucedida em estabelecer uma nova prática política, que não poderia mais servir de abordagem distintora de somente uma comunidade.


isso faz com que o cenário atual da situação esteja decididamente embaralhado. De um lado, a produção tecnológica tornou-se ainda mais acessível, tanto em termos de preço e facilidade de uso. Com o advento de companhias de hospedagem de páginas comerciuais para blogs e vídeos , a distribuição foi profissionalizadaa um nível bem alto. Em consequência disso, tornou-se muito fpacil filmatr, editar e distribuir conteúdo rico de mídia para audiências maiorews e menores. Isso é uma boa notícia, particularmente para ativistas em países e,m desenvolvimento. ao mesmo tempo, a captura comercial da infraestrutura criou novos entraves onde a censura e o controle do conteúdo de mídia pode e devefuncionar eficientemente.

Foi assim que essa produção autônoma de mídia para campanhas de base tornou-se largamente estabelecida como uma preocupação central de movimentos políticos contemporâneos, e não pouco por pioneiros da Mídia Tática dos anos 1990s. No entanto, sua crescente appoio nas infraestruturas comerciais introduziu novos pontos de falha que tornam-se aparentes à medida em que a polícia das plataformas comerciais se intensifica. parcialmente como uma reação das pequenas manifestações de mídia tática somada ás pressões das plataformas comerciais, há um interesse renovado na infraestrutura entre desenvolvedores de mídia oruentrados politicamente. Um exemplo é a rede global de iniciativas chamada "Bricolabs" que se descreve como uma "rede distribuída de desenvolvimento de Mídia Comunitária e Mídia Tática global e local através de infraestruturas genéricas incrementalmente desenvolvida por comunidades."10 bricolabs, de uma forma, combina os dois lados da Mídia Comunitária e da Mída Tática, procurando formas de colocar em rede comunidades locais para auto-apoiarem-se do desenvolvimento de infraestruturas alternativas para a produção de mídia. quão longe está esse objetivo pode ser alcançado continua a ser um mistério, mas é claro que apesar do declínio da Mídia Tática de uma forma estreita, a prática social de produção de mídia autônoma continua a ser adaptativa e inovativa.

NOTES

1. Esse texto foi beneficiado de comentários de Konrad Becker, David Garcia e Patrice Riemens.

2. Lovink, Geert; Garcia, David (1997): The ABC of Tactical Media. http://www.ljudmila.org/nettime/zkp4/74.htm

3. Althusser, Louis (1971). Ideology and Ideological State Apparatuses (Notes towards an Investigation), (trans. Ben Brewster) in: Lenin and Philosophy and Other Essays, Monthly Review Press http://www.marxists.org/reference/archive/althusser/1970/ideology.htm

4. Wikipedia: Rodney King. http://en.wikipedia.org/wiki/Rodney_King

5. Yablonska, Linda (1993). Deep Dish TV. High Performance #61, Spring http://www.communityarts.net/readingroom/archivefiles/1999/12/deep_dish_tv.php

6. Lovink, Geert; Riemens, Patrice (2000). Amsterdam Public Digital Culture 2000. In Telepolis, 18.08. http://www.heise.de/tp/r4/artikel/6/6972/1.html

7. Certeau, Michel de (1988). The Practice of Everyday Life. Berkeley, University of California Press

8. http://www.next5minutes.org/

9. Wark, McKenzie (2002). Strategies for Tactical Media. In: Proceedings from the South Asian Tactical Media Lab. Nov. 14-16. Delhi. http://www.sarai.net/resources/eventproceedings/2002/tactical-media-lab/strategies.PDF

10. http://www.bricolabs.net [28.02.2008]

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